Estar à espera ou procurar?

por António Pimenta de Brito

Esta pergunta, tirada de uma música de B Fachada, é muito comum existir quando nos defrontamos com este dilema: para encontrar a cara metade, devo deixar que a vida me apresente alguém de forma natural ou devo tomar medidas concretas para o alcançar?

Por um lado, podemos pensar que ao procurar ativamente, “viciamos o esquema”, isto é, se me vou colocar no coro da Igreja e nem sequer gosto de cantar, mas quero conhecer umas miúdas e cumprir o que as pessoas esperam de mim, ou seja, “tratar da minha vida pois já tenho idade de casar” ou a minha irmã conheceu uma “moçoila” engraçada e de “boas famílias” e arranja um encontro só porque sim, são coisas artificiais e que bloqueiam a espontaneidade do amor, pensa. Não tenho nada contra coros de Igreja e arranjos, daí já saíram muitos e bons casamentos, mas pode ter este preconceito do “procurar” e, de certa forma, é compreensível.

Por outro lado, a vida depois pode-se tornar previsível de mais, se não saímos da nossa zona de conforto. A faculdade ou o trabalho, sempre as mesmas pessoas, a paróquia ou o movimento da Igreja em que estamos, também já se instalaram os rituais sociais e acordos implícitos entre as pessoas do estilo “tu tens boas ideias, mas não me atrais”, “tu és gira mas chata”, “tu atrais-me e gosto de ti mas és meu colega de trabalho”, “gosto de ti mas tenho medo de o assumir socialmente” e assim sucessivamente. No meio destes extremos poderá estar o que procura.

Mas a pergunta essencial mantém-se: o que estou à procura? Alguém para passar tempo ou uma pessoa para a vida? E isto faz a diferença no que toca a onde procurar e como procurar.

Uma frase de Goethe, que temos citado, pode-nos ajudar na resposta: “Deus dá as nozes mas não as abre”. Ou seja, a vida dá-nos meios e formas de resolvermos os nossos problemas mas não impõe nada e trata-nos como adultos! Devemos ser nós a querer e trabalhar para os alcançar! Não vamos esperar que venha uma luz do céu e uma voz divina ecoar a indicar-nos o caminho! Por exemplo, posso gostar daquela pessoa mas discordamos em pontos essenciais no que toca ao conceito de família, aí está a realidade a falar, “não vás por aí”. Se estamos fartos do nosso trabalho e queremos mudar mas não existe nenhum alternativo que possa dar-lhe a estabilidade financeira que lhe dá o presente, a realidade está a dizer “não mudes de emprego”.

Por fim, se somos solteiros e gostávamos de encontrar alguém para a vida, ficar em casa não ajuda! Também dá trabalho e exige persistência! Se for o datescatolicos.org esta “noz” que Deus lhe propõe, é bom falar e combinar encontros com várias pessoas, não ter medo e com a devida prudência, quem sabe, vai ser aí que vai encontrar! Há algo que ajuda e que são valores comuns, pilares essenciais numa vida a dois.

 

Nota: António Pimenta de Brito escreve conforme o novo acordo ortográfico.

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