Os solteiros e o Verão

por António Pimenta de Brito

Depois do fim das aulas ou do trabalho, o Verão para os solteiros é às vezes um período um pouco dúbio. Por um lado, entusiasmo, por outro angústia. Amigos que fazem férias com cônjuge e filhos, namorados e namoradas no grupo de amigos organizam planos e eu sozinho. A razão para acontecer não é ausência de planos mas por vezes as expectativas serem muitas e a realidade outra.

Temos o Verão que sonhamos e temos o Verão que podemos. Às vezes, o Verão que podemos é o melhor Verão que alguma vez tivemos.

Já fui solteiro e sei como era o Verão. Planos com amigos e com a família e uma agenda para preencher mas também alguma angústia. Será que passo o tempo sozinho? E vou aproveitar bem? Acontece o mesmo com períodos festivos.

Uma boa estratégia é encher o Verão de planos. Em vez de pensar que terei o tempo todo para não fazer nada, se pensar o que vou fazer, no final, em vez de uma desilusão, vou-me sentir cheio. Em vez de pensar que tempo livre é para não fazer nada, se pensar que é para fazer coisas diferentes e de que gosto, é um melhor pensamento. Pois o não fazer nada também custa muito! E se pensarmos no tempo livre com preparação e estrutura, desfrutamos mais.

Primeiro, e se pensasse em quem está à sua volta e no que vai fazer? No que gosta e se alguém o pode partilhar consigo. É bom também ter em conta os planos familiares, pode ser que a nossa companhia seja importante. Depois, combine coisas com os seus amigos. Mas não se esqueça, planeie as suas atividades pois é uma grande chatice chegar, não ter o que fazer e no fim diz aquelas coisas como “se tivesse aproveitado melhor?”.

Depois, o Verão é também um tempo para desacelerar, desligar o telemóvel, ouvir o vento, fechar os olhos ao sol, mudar de rotinas. Isso é muito importante para recarregar baterias. Se pensarmos no Verão apenas para festejar, chegamos a Setembro cansados em vez de descansados. E por isso, é importante dormir bem também e ter um horário. Sem um plano, vai-se chatear mais tarde ou mais cedo.

Aproveitar para ler, também. Porquê? Porque a leitura faz-nos crescer e sair de nós. Os dias de trabalho centram-nos demasiado em certos temas e quando saímos deles, até conseguimos ter um olhar distante e resolvê-los melhor. “Pois, é tudo muito bonito, mas depois levamos aquele livro para a praia, acaba o Verão e o marcador manteve-se na página 15!” Pois, aqui também é preciso estrutura. Não me digam que não há tempo! Há sempre tempo, depende é das prioridades. A questão não é “gostava de ler”, “gostava de fazer desporto”, “gostava de rezar mais”. A questão é, qual o meu plano para ler mais, fazer mais desporto ou rezar mais? 30 minutos por dia? Pode ser um início. Sem um tempo fixo todos os dias, nunca se faz nada, pois adia-se. E também não ficar maluco com isso. Um pouco de flexibilidade também é bem vinda!

Por fim, o Verão também é uma boa altura para não esquecer a relação com Deus, a oração, a Missa e a confissão. Deus não vai de férias e a fidelidade mostra-se nestas alturas. E não pensemos que estraga o Verão, antes dá maior cor. A graça de Deus dá sempre cor à vida e não o contrário. Não é uma questão de ter muitos planos, mas os que tenho, que sejam vividos ao máximo. Posso ter o dia cheio de atividades, mas depois estou chateado com fulano e irritado com sicrano, não tenho paz, não vale a pena. O Verão é também um tempo privilegiado para discussões pois estamos com as pessoas mais tempo por dia, por vezes sem atividade, é o melhor campo para batalhas familiares! Por isso, plano. Oração, contemplação, descanso. E, sobretudo, divirtam-se! Boas férias!

Nota: António Pimenta de Brito escreve conforme o novo acordo ortográfico.

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